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Navegar é preciso
Poema de Fernando Pessoa
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
“Navegar é preciso; viver não é preciso.”
Quero para mim o espírito desta frase, transformada
A forma para a casar com o que eu sou: Viver não
É necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso
Tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso
Tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho
Na essência anímica do meu sangue o propósito
Impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
Para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
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Comentário
Além de interpretar seus diversos heterônimos, Pessoa era também mestre em interpretar palavras e simbolismos, de modo que muitas de suas poesias têm vários graus de interpretação – geralmente (mas não necessariamente) um mais profundo do que o outro, como nesse caso.
Esta é a origem da frase citada no poema: “Navigare necesse; vivere non est necesse” – latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra (cf. Plutarco, in Vida de Pompeu).
Jorge Barbosa Filho
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